terça-feira, 27 de setembro de 2011

Medo

Há uma coisa que eu tenho de dizer acerca de tudo o que se passa à nossa volta, a dita crise...! O que eu digo, é o que eu penso e em nada vai mudar absolutamente nada, mas tenho de dizê-lo!

Estou com medo! Estou assustada! Mas também acredito na existência de muita especulação e essa, por vezes, é o elemento catalisador para que se despoletem realmente as coisas, sejam elas quais forem.

Desde, sei lá, a Segunda Guerra Mundial, desde o 25 de Abril, falando na nossa História, que nos foram habituando a determinadas "coisas" das quais hoje não prescindimos... o capitalismo associado ao consumismo criou pequenos monstrinhos comodistas que foram crescendo, crescendo, crescendo à medida daquilo que iam adquirindo. Hoje é impensável não termos telemóveis, um carro e um computador por membro de família, um plasma por divisão, consolas, robôs de cozinha que fazem tudo, excepto passar a ferro, férias fora de casa, refeições fora de casa, pequenos "luxos" como roupas às vezes quase descartáveis, sapatos Zillian, Cubanas e fly london, renovações de malas mensais, carteiras, enfim... pequenas e grandes coisas que há 50 anos seriam impensáveis (até porque nem existiam...).

Sou a favor de tudo isto, acho que devemos viver uma vida minimamente confortável, temos direito a ter o mesmo que os outros que nos rodeiam, mas... e aqui é que está!, há que calçar o sapato certo, há que dar o passo na medida da perna... e é isto que não compreendemos... eu sou produto do capitalismo e do consumismo, admito e assumo! Mas realmente, quantos de nós realmente precisa de tudo aquilo que tem? Ok, carro para cada membro da casa, isso é imprescindível! Depois há que saber gerir os seus consumos e despesas inerentes. Mas... quantas tvs realmente precisamos? E consolas? E jogos? E não basta 1 computador por família? E roupa? E malas? E sapatos? O consumismo está a dar cabo da nossa sociedade e o pior, e é disto que tenho receio, continuamos a ser diariamente fustigados com "compre isto", "compre aquilo", "facilidades aqui", "facilidades ali"... o que é que isto reflecte? É tão simples... toda esta iniciativa ao consumo reflecte alguém que ganha com a desgraça alheia... alguém, aliás, muitos "alguéns" estão-se marimbando para o estado de desgraça em que o mundo ocidental se encontra! Esses "alguéns" neste momento estão nas caraíbas, num hotel de 6 estrelas, num iate ao largo sei lá do quê porque não conheço estância paradisiacas dos multi bilionários... tudo isto reflecte o individualismo mascarado de uma espécie de altruísmo de que facilita aquilo que não é possível ser facilitado! Como é que eu, por exemplo, funcionária pública, e o meu marido, empresário por conta própria, posso pagar uma casa, dois carros, educação de 2 filhos em idade escolar, roupa, calçado, alimentação, compras e luxos? É impossível!! Não é bem o nosso caso, se bem que andamos apertadinhos como tudo... mas podemos dormir minimamente tranquilos à noite. Mas há tanta, tanta, tanta gente em situações calamitosas... como é que é possível esses magnatas da exploração do comodismo humano terem um sono leve, sabendo que estão a contribuir para a queda de uma economia já por si periclitante e tão sujeita a uma série de factores?

Diz-se que quem tem poupanças, se não as aplicar que as irá perder em breve... e que não as tem? O que lhes acontece? Quem vive, como eu, daquilo que ganha ao final do mês? Que riscos, para além dos óbvios, é que correm?

Não sei o que vai acontecer daqui para a frente, o euro, a economia, a falência... a função pública... mas tenho medo, por mim e pelos meus filhos... receio não ter como lhes dar o consumismo e/ou conforto a que estão habituados...

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